domingo, 19 de março de 2017

Profundamente
Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Questões

01-  Quantas estrofes e quantos versos o poema possui?

02-  Que versos mostram que o eu-lírico fala de dois tempos diferentes de sua vida?

03-  Quais imagens o eu-lírico guarda na memória da Noite de São João?

04-  Por que o eu-lírico não viu o fim da festa de São João?

05-  Onde estavam as pessoas quando ele acordou?

06-  Quais são as pessoas que ainda permanecem na memória do eu-lírico? O que faz relembrar delas?

07-  A palavra dormindo aparece no poema duas vezes com sentidos denotativo e conotativo. Explique essa afirmação.

08-  O ruído do bonde corta a noite do eu-lírico. Em sua opinião, o que esse bonde expressa?

09-  Em sua opinião, por que o poema se intitula “Profundamente”?

10-  Faça uma pesquisa da biografia de Manuel Bandeira.

Analisando o Poema "Profundamente" - Manuel Bandeira