Profundamente
Manuel Bandeira
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu
tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Questões
01- Quantas
estrofes e quantos versos o poema possui?
02- Que versos
mostram que o eu-lírico fala de dois tempos diferentes de sua vida?
03- Quais imagens
o eu-lírico guarda na memória da Noite de São João?
04- Por que o
eu-lírico não viu o fim da festa de São João?
05- Onde estavam
as pessoas quando ele acordou?
06- Quais são as
pessoas que ainda permanecem na memória do eu-lírico? O que faz relembrar
delas?
07- A palavra
dormindo aparece no poema duas vezes com sentidos denotativo e conotativo.
Explique essa afirmação.
08- O ruído do
bonde corta a noite do eu-lírico. Em sua opinião, o que esse bonde expressa?
09- Em sua
opinião, por que o poema se intitula “Profundamente”?
10- Faça uma
pesquisa da biografia de Manuel Bandeira.